O curioso resultado de um estudo realizado no estado de Ohio, nos Estados Unidos, é uma razão e tanto para considerarmos a educação para crianças em currículos escolares. Segundo o experimento, abordar esse assunto com os pequenos desde cedo tem benefícios duradouros para eles e que vão muito além do que se imagina.

Um grupo de indivíduos exposto a essa disciplina e acompanhado durante 40 anos demonstrou não apenas desenvolvimento lógico e matemático superior, mas também outros aspectos muito benéficos para a vida adulta, como civilidade e autoconfiança.

Neste artigo, vamos abordar os benefícios da educação financeira para crianças, indo além de perspectivas excessivamente pragmáticas. Você verá, também, como essa disciplina pode fortalecer valores éticos, melhorando a vida em sociedade. Leia até o fim!

O que é educação financeira para crianças

É interessante ressaltar, logo de início, que a educação financeira a que nos referimos aqui não visa preparar jovens investidores. Também não se trata de ensinar a crianças no pré-escolar apenas coisas que vão fazer diferença na sua carreira profissional, no futuro.

Do modo como nos referimos a ela, a educação financeira é a base para o ensino de valores éticos importantes.

De volta ao estudo citado na introdução deste artigo: passados 40 anos desde o início das pesquisas, verificou-se que as crianças que aprenderam noções básicas de economia apresentaram comportamento muito diferente dos ex-colegas.

Elas desenvolveram melhor aspectos não cognitivos, como resiliência, civilidade, respeito pelo espaço entre seus deveres e os direitos do outro e paciência. Além disso, o índice de gravidez e doenças durante a adolescência foi muito menor.

Por que a educação financeira é importante

Qual é a relação entre os estudos de economia e a melhor visão cidadã desenvolvida por esses indivíduos à medida que cresciam? Se essa pergunta for respondida corretamente, teremos ótimos argumentos para converter a educação financeira para crianças em política pública.

Embora o estudo não seja conclusivo a esse respeito, podemos arriscar uma resposta. A perspectiva da educação financeira coloca bem cedo a necessidade de se realizar emocional e profissionalmente em um mundo com recursos escassos.

Isso reitera a necessidade de moderar expectativas, considerando a felicidade como a realização de objetivos possíveis, colaborativamente e utilizando o que se tem da melhor maneira possível.

Ou seja, temas como sustentabilidade, trabalho em equipe, resiliência, e dinamicidade — típicos das abordagens empreendedoras da educação — passam a se tornar itens obrigatórios na forma de essas crianças pensarem o mundo.

Sob essa ótica, a educação financeira representa qualidade de vida. E essa qualidade não é baseada necessariamente no aumento progressivo da capacidade de consumo, mas na capacidade de adequar as próprias expectativas aos recursos disponíveis.

Como ela pode ser feita

Segundo o estudo mencionado, um dos motivos para que as lições básicas de economia comecem bem cedo é que boa parte dos pais não está em condições de oferecer esses ensinamentos. O comum é que eles próprios tenham dificuldades de gerir recursos.

Para que você não incorra nesse erro, separamos, abaixo, algumas dicas para ensinar educação financeira para seus filhos. E, por que não, para você aprender a respeito também.

Ensine sobre as metas

O primeiro passo é ajudar as crianças a saberem quais são seus objetivos. Nessa idade, eles são simples e inocentes: comprar um novo brinquedo, ir a um parque de diversões ou viajar para ficar perto dos primos, por exemplo.

Não importa: a vontade de poupar sempre vem de uma meta que represente algo divertido e empolgante no futuro, a ponto de convencer os pequenos a abrir mão de satisfações passageiras e imediatas.

Eduque para acabar com o desperdício

Desperdiçar é ruim para o indivíduo, pois o coloca longe de seus objetivos. Mas também é nocivo para a vida em sociedade e a sobrevivência do planeta. Demonstre a seus filhos que os recursos disponíveis, quaisquer que sejam, não são infinitos.

Estimule a generosidade

Acumular coisas sem uso também é uma forma de desperdício. Se pensada como algo amplo, a educação financeira pode levar a uma consciência de inserção da criança na vida junto a outros indivíduos menos favorecidos. Isso acaba por se transformar em um estímulo para encontrar novos usos para objetos e pertences.

Por sinal, a prosperidade não precisa ser pensada como contrária à divisão. Entender, na prática, a relação entre esses dois conceitos é, com certeza, um dos maiores benefícios de despertar cedo o interesse das crianças pela educação financeira.

Logo, crie essa consciência nos pequenos, propondo dar novos usos ou doar brinquedos velhos, roupas que não servem e outros pertences que não têm mais utilidade para eles.

Ajude a anotar os gastos

Qualquer adulto sabe que, para ter controle do dinheiro que entra ou sai, é importante anotar essas transações. Para uma criança, isso definitivamente não vai acontecer à moda antiga, com caneta e papel.

Também não é necessário que elas se vejam às voltas com complexas planilhas de Excel. Hoje, é possível encontrar aplicativos para smartphone ou tablets extremamente intuitivos que desempenham esse papel.

Vale a pena pagar por tarefas?

Este é um item polêmico desta lista. Isso porque muitos educadores afirmam que pagar as crianças para que elas desempenhem tarefas como arrumar o quarto e juntar os brinquedos pode ser nocivo para o seu aprendizado.

Essa ideia se apoia no argumento de que isso transmite a mensagem de que tudo deve ser feito pelo dinheiro. Nossa sugestão é a seguinte: não ofereça recompensas por tarefas que são obrigação dos pequenos.

Em vez disso, convide-os a realizar ações extras em troca de pagamento, por exemplo, afazeres de casa que antes eram desempenhados por algum adulto. Assim, fica claro que certas coisas são obrigações e outras, trabalho.

A educação financeira é muito mais que um estímulo lógico e profissional para as crianças. É uma ferramenta fundamental para estimular a sua cidadania e civilidade.

Tem mais alguma sugestão de como apresentar conceitos básicos de economia e finanças para crianças? Teve uma experiência bem-sucedida com seus filhos que gostaria de dividir? Deixe um comentário abaixo, contando para gente!